Nascimento
Caminhar lado a lado! É esse o significado de Aruko, nome de um dos clubes de futebol, atualmente, de maior ascensão no futebol brasileiro. Em menos de oito meses, o clube saiu da terceira divisão do Campeonato Paranaense para alcançar a elite estadual.
Em 18 de dezembro de 2020, o Aruko Sports Brasil foi fundado, um clube empresa que tem como missão “desenvolver diariamente, ao lado de nossos parceiros, soluções e estratégias para formar atletas de futebol para o mercado nacional e internacional”, com sede em Maringá, noroeste do estado do Paraná.
Junto com o Grupo Aruko Japan, o sonho do clube foi idealizado por Alex Santos. Nascido em Maringá, o ex-jogador foi para o Japão em 1994 para estudar e jogar. Com o tempo, se profissionalizou, ganhou muitos títulos, se naturalizou e disputou as Copas do Mundo de 2002 e 2006 – quando foi treinado por Zico – com a camisa da seleção local, se tornando um ídolo do país. Na volta à terra natal, defendeu o Maringá FC e Grêmio Maringá, até que em 2018 resolveu continuar no futebol com um novo projeto de formação de jogadores e, posteriormente, com o clube profissional.
Outro reforço vital para o clube é a dupla João e Paulo Re- gini, pai e filho, principais nomes na direção de futebol da cidade nos últimos 15 anos de atividade. Eles contam com cinco acessos estaduais por diferentes clubes, sendo dois pelo Aruko – que se- rão descritos adiante. Além disso, tem experiência em disputas de campeonatos nacionais.
Em 2021, os dois foram convidados para ocuparem os pos- tos de presidente de honra e diretor de futebol do clube. Com a melhoria e estruturação do projeto, para a temporada seguinte, se tornaram sócios administradores.
A ascensão: do projeto ao gramado
Entre a fundação e a primeira partida oficial da história do clube foram 288 dias. Isso, sem contar todo o trabalho feito até a criação e registro da agremiação na Federação Paranaense de Futebol (FPF) e, consequentemente, na Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Com toda direção definida, os trabalhos no campo começaram para formação da comissão técnica e elenco, que iniciaram as atividades no gramado em agosto de 2021. O primeiro desafio do clube foi o Campeonato Paranaense da Terceira Divisão, que foi disputado entre 2 de outubro e 11 de dezembro. Em meio a situação da pandemia, os estádios ainda não podiam receber público, o que não impediu que o investimento feito fosse adiado.
Com um elenco de 23 jogadores, com média de idade inferior a 25 anos, treinado por Claudemir Sturion, profundo conhecedor das divisões de acesso do Paraná, o plantel contou com nomes experientes no estado como o zagueiro Marcelo Xavier e os atacantes Gabriel Barcos e Cristiano, e jogadores com bom potencial, como o lateral-esquerdo Dionatan, o volante Adão, o meia Icaro e o atacante André Carlos.
Além disso, contou com nomes jovens como os atacantes Juninho, Fuzinato, Calebe e Ianqui, que tiveram a primeira expe- riência no desporto profissional. A campanha foi das melhores da história da competição, com 11 vitórias, dois empates e uma derrota, um ataque que fez 42 gols e a defesa teve apenas sete tomados. O clube se sagrou campeão no único jogo em que foi derrotado (3×1), mas havia vencido a primeira partida por 3 a 0 contra o Foz do Iguaçu. André Carlos, com 12 gols, e Thiago Santos foram premiados com um troféu de artilheiro e goleiro menos vazado da competição.
Terminada a primeira temporada, o desafio seria a Segunda Divisão do estado em 2022. Todos no clube tinham noção que a dificuldade seria maior pelo nível dos adversários, ao mesmo tempo que teria o primeiro contato com o torcedor, que poderia ir ao estádio Willie Davids, com capacidade oficial para receber 16 mil pessoas.
2022: o acesso à primeira divisão
Focado em ter um time forte e que buscasse o acesso para a primeira divisão, uma reformulação teve que ser feita no elenco, a começar pela chegada de Rafael Andrade, treinador, que tinha três acessos no campeonato no currículo. No elenco, jogadores como os goleiros Thiago Santos e Diego, o zagueiro Marcelo Xavier, o lateral-esquerdo Dionatan, os meias Lucas Lourenço e Adão e os atacantes André Carlos, Ianqui, Fuzinato, Juninho e Calebe voltaram (ou permaneceram nos casos dos atletas mais jovens) após passagens por outros clubes. O acesso logo na primeira temporada chamou atenção de outros jogadores, que chegaram, como o zagueiro Erik Henrique, os meias Lucas Newiton, Tiago Miranda e Rafinha Potiguar e os atacantes Ermínio e Matheus Martins. A média de idade do elenco permaneceu a mesma da temporada anterior.
O início não foi fácil, mas a qualidade do elenco se sobres- saiu após duas derrotas no início da disputa. Depois disso, o time não perdeu mais! Na primeira fase, terminou com seis vitórias, um empate e duas derrotas. Na decisão para definir a subida à primeira divisão do Paraná, o adversário foi o PSTC, de Cornélio Pro- cópio. Na primeira partida, fora de casa, Rhuan, lateral-direito, fez o gol da vitória, que deu vantagem ao Samurai. O jogo de volta foi realizado no Willie Davids, com um público satisfatório pela pou- ca idade da equipe. André Carlos, maior artilheiro da história do Aruko, fez o primeiro. No segundo tempo, Matheus Martins am- pliou. O PSTC até fez um gol, mas a história estava escrita: o Aruko alcançava a elite do futebol paranaense com apenas oito meses entre a primeira e última partida oficial, até então.
O feito do Aruko impressiona. Desde 1991 que o Paraná conta com uma terceira divisão – que contou com alguns hiatos – e o Samurai Black é o clube mais novo a garantir o acesso da terceira para a primeira divisão, com 527 dias, separando as datas de fundação e do jogo que definiu a mudança de patamar e sem ficar mais de um ano nas divisões menores. Ao todo, seis equi- pes têm esse resultado de disputar a terceira divisão e chegar na primeira sem parar em alguma divisão. A conquista chama mais atenção ainda quando analisado o tempo entre a primeira partida e o jogo que definiu o acesso, como citado anteriormente. São apenas 239 dias, menos de um ano que separam o primeiro jogo oficial contra o Laranja Mecânica, no Willie Davids, com vitória por 2 a 0, dia 2 de outubro de 2021, e o confronto contra o PSTC, dia 29 de maio de 2022, com vitória em casa.
A temporada, também, ficou marcada pela estreia do clube nos campeonatos oficiais de base. O Samurai conta com um time sub-15 e sub-17 nas respectivas disputas do Campeonato Paranaense, organizado pela FPF. Com profissionais qualificados, assim como no time adulto, o início da campanha vem sendo promissor, com resultados positivos contra projetos de anos de trabalho.
Em 2023, o Aruko estará ao lado de clubes de grande tradição no estado, com conquistas nacionais e internacionais. Serão 12 equipes na disputa do certame que começa em janeiro. O Campeonato Paranaense é a porta de entrada para participar do Campeonato Brasileiro da Série D (quarta divisão nacional) e a Copa do Brasil, segundo torneio mais importante do país. São muitas conquistas, mas é apenas o início da história do clube.